segunda-feira, 29 de março de 2010

Decisão

Andava com um pouco de pressa, em uma mão a coleira pesada carregando um labrador e na outra o celular. Já em sua rua foi abordada por um homem fino:
- BOLONHESA OU QUATRO QUEIJOS ?
- O... o que ? - ela recuperava-se do susto.
- É! Escolhe! Bolonhesa ou quatro queijos ???
- Moço... desculpe eu... eu não to entedendo! É assalto é ? Leva meu celular, pode levar! Tava querendo aquele lxgfhdhds com máquina de fazer pipoca mesmo...
- Querida, pare! Ó, vou te explicar. É que minha mulher é muito indecisa e eu ia fazer uma lasanha pra ela... mas eu não sei qual sabor e eu preciso de uma opinião!
- Ahhhhh... você vai me desculpar, moço, mas você perguntou pra pessoa mais confusa da vida! eu odeio escolher as coisas, eu não sei!
- Mulher, é só um sabor!
- NÃO! Mas... e se... e se eu escolho bolonhesa e o presunto vem estragado e você tem intoxicação alimentar ? E seu o queijo dá alergia fulminante na sua esposa e ela passa mal ? E se ela não gosta da opção e se separa de você por causa de mim ? A culpa teria sido minha!
O homem, confuso e atordoado, tenta se recompor
- Olha... eu não tinha visto por esse lado... quer dizer... bastava você dar uma opinião...
A menina entrava em pânico. Seus olhos reviravam, seu estômago estava contraído e a boca completamente seca. Ela suava. Não queria decidir aquilo. Não podia. Era fatal. Ela queria ir embora.
- MOÇO! PELO AMOR! ME DEIXA! NÃO POSSO COM ISSO!
O homem chorava. Pensava em sua morte, pensava na separação, pensava na tristeza que ele iria enfrentar. Pra que viver se ia chorar tanto ?
A menina soltou o cachorro e se atirou na frente do primeiro carro que passou. O homem desapareceu do bairro. E a mulher, à noite, saboreou sua salada ceaser.
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segunda-feira, 15 de março de 2010

"Já que não tenho coragem de assumir minha loucura"

''Eu sei que sou exatamente o que 98% dos homens não gosta ou não sabe gostar (apesar de eles nunca me deixarem em paz). Eu falo o que penso, abro as portas da minha casa, da minha vida, da minha alma, dos meus medos. Basta eu ver um sinal de luz recíproca no final do túnel que mando minhas zilhões de luzes e cego todo o mundo. Sou demais. Ninguém entende nada. E eles adoram uma sonsa. Adoram. Mas dane-se. Um dia um louco, direto do planeta dos 2% de homens, vai aparecer. E que se dane a natureza gritando no meu ouvido que não posso ser assim. Que a boa fêmea sabe esperar nove meses, portanto deve saber esperar uma ligação ou um sinal de "pode avançar no joguinho". Eu não sei esperar nada. E a natureza gritando no meu ouvido que então, já que sou birrenta, vou ficar sem nada mesmo. Porque é preciso saber viver. Atiram a gente nesse mundo, nosso coração sente um monte de coisa desordenada, nosso cérebro pensa um monte de absurdo. E a gente ainda precisa ser superequilibrada para ganhar alguma coisa da vida. Como se só por estar aqui, aturando tanta maluquice, a gente já não devesse ganhar aí um desconto para também ser louco de vez em quando. Quem é essa natureza maluca, quem é esse mundo maluco? Quem são esses doidos que exigem tanta certeza e tanta "finesse" e tanta postura da gente? E eu queria te beijar até enjoar. Porque eu só sei curar uma vontade de me entorpecer de alguém quando sugo a pessoa até a última gota. O problema é que, nesse mundo sem graça com celulares que apitam e mensagens no Messenger que apitam e policiais mentais que apitam "hey, tati, segura a onda, não deixe ele perceber que pode comandar seu coração mole", ninguém mais sabe nem sugar e nem ser sugado até a última gota. Fica uma droga de um joguinho superficial de trocas superficiais. E ai de quem resolva sair disso. Vai ser tachado de louco de pedra. Maluco. E as meninas sonsas se dando bem, e eu dormindo abraçada com o travesseiro sem dono da cama de casal. Queria que ao menos algum canto do mundo me acolhesse. E me abraçasse e dissesse que tudo bem, tudo bem de vez em quando eu perder assim a razão ou o equilíbrio. E repetir e repetir e repetir o erro. E jurar que da próxima vez eu serei normal. E jurar que da próxima vez eu obedecerei a natureza, meu pai, a cartilha da vovó ou as meninas sonsas. E virar a rainha dos 98% de homens que não sabem o que fazer com uma pessoa que nem eu. E depois chutar todos eles, porque no fundo tô pouco me lixando pra essa maioria idiota. Pode até ser meio solitário correr contra a maré, mas como é gostoso olhar a multidão do outro lado e enxergar todo mundo pequenininho."

sexta-feira, 5 de março de 2010

Egoísmo ?

O mundo não para porque
você está sofrendo, chorando, sentindo dor
O tempo não dá um stop para
você refletir, se acalmar, pensar
o tempo não se dá mais tempo
a gente engole o tempo e o tempo nos engole.
Ah! Doce sonho em que todo mundo para pra eu desabafar
pra eu contar meus problemas, pra eu chorar, pra eu reeorganizar as ideias
em que todos param pra fazer o que fazem e se preocupam com a vida e
o rumo que as coisas tomam e
os amores, sejam eles sofríveis ou não (sim, porque amores não sofríveis ainda não entraram em extinção)
é, doce sonho.