sábado, 26 de dezembro de 2009

Morte e vida de um orfão

Nada é tão sofrível quanto a situação de um jovenzinho orfão em véspera de dia vinte e quatro de dezembro. Nada o remete tanto às lembranças da morte de seus pais, de como sofreu e sentiu a dor correr em suas veias. Nessa data fatídica em que se comemora o aniversário de um jesus cristo em que ele só não acredita porque em tais condições fora criado ou porque crê que, se ele tivesse sido realmente o salvador da eternidade, as coisas não estariam como estão para ele, por exemplo. Nada intriga mais um jovenzinho orfão do que a expressão "espírito natalino", sobre a qual ele vive matutando e a qual ele não consegue parar de questionar, meio porque acha engraçada. E lá ele fica. Solitário, vagando com frio e pés gelados, sem um cobertor, apenas olhando a ceia farta no vidral ao lado. E, como que quase uma preçe atendida, ele vê uma luz, uma luz quente, uma luz forte. Suas bochechas pálidas começam a corar. Lhe agradava, lhe dava felicidade... Rumo ao céu ele andou, ao céu de natal, ao céu que por tanto tempo lhe permanecia.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Amor Moderno

Conheçeram-se pela primeira vez através do msn. Se falaram ao acaso, e o assunto foi rendendo (incrível como assunto flui no msn né ?). Aquela noite foi longa, passaram horas conversando e se conhecendo melhor. Descobriram que tinham coisas em comum e coisas diferentes. Foram dormir com sorriso nos rostos, ambos esperançosos.
No dia seguinte acordaram e nem fizeram sua higiene matinal (quanto mais tomar café... humpf, não podiam perder tempo com o "horário de café-da-manhã"); Entraram de novo, começaram a se falar de tal forma que os dedos começavam a criar calos. Davam falsas risadas (sabe, aqueles típocos "HAHAHAHAHAA"); a atração que iam sentindo um pelo outro crescia, a imagem de exibição ia se modificando (afinal, nunca haviam se encontrado e precisavam ter uma ideia do rosto do amado).
Foi que um dia decidiram se encontrar. Não que não se encontrassem diariamente, mas de uma maneira menos virtual. Marcaram um jantar, ela se arrumou inteira e ele se perfumou. Estavam elegantes. Chegando ao local ficaram pasmos. Espera aí... alguma coisa está estranha... ele está tão... vivo, presente, de carne e osso... cadê os emoticons, as risadas, o nick... E os pensamentos eram os mesmos, tendo que o jantar tomou um rumo perturbador... não conseguiam dizer uma só palavra. Despediram-se e foram para casa em silêncio.
Na manhã seguinte ambos entram sorridentes no computador. Ah! E lá estava ele, no msn, como deveria ser. E conversaram ali o dia inteiro, descontraídamente, como deveria ser.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Biscoito Recheado

É tão estranho as mudanças que acontecem de lá pra cá e de cá pra lá; antigamente a diversão era ir jogar bola na esquina, jogar volei e olhe lá; os "hobbies" praticados não eram levados à sério como são hoje. Tem gente de teatro (que normalmente desejam seguir a carreira on stage, mas o medo de cair na pobreza impede); essa gente que leva um eterno brilho nos olhos e um dom natural para a espontaneidade; tem a gente de esporte (luta, natação, futebol, e por aí vai...); essa gente que acaba com o corpo pra ir ganhar medalhas nos campeonatos e sonha com o dia em que vai ser escalado para as olimpíadas e adjacentes; gente dos instrumentos, essa gente que acha na música um refúgio, uma forma de liberdade; essa gente que sonha "eu e o intrumento e mais ninguém". E por aí vão os sonhos, esses que há uns anos à trás pareceriam esranhamente insanos... e hoje ainda parecem, só que cada vez menos. Vamos dar tchau as áreas de trabalho normais; a gente precisa viver.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Devaneios de uma mente transitória

Tantos lugares para sonhar
Tantos carnavais à serem vividos, tantas lembranças
e promessas e loucuras
de amor
E só penso naquele lugar, aquele quase materializado
pela mente
Pela mágica, pela doce herança, pela loucura
de ser, quero aquele lugar agora e sempre e
pra hoje! O açúcar escorre e o tempo passa e eu fico
perdida. Só o vento pode varrer-me
Ou nem ele
Estou só, e completamente

sábado, 5 de dezembro de 2009

Epifanias num momento errado

O ministério da saúde adverte: "Ler Clarice Lispector pode causar distúrbios epifânicos." Loucuras à parte, nada melhor do que escolher pra ter uma epifania durante a prova do enem. Ah, qual é o problema, não estava num momento muito... hum... ocupado, não é mesmo ? Enfim... Preciso relatá-la aqui. Caiu-me a ficha; tudo, absolutamente TODA a nossa vida escolar, todos os esforços e como consequência toda a nossa existência sobre o que seremos, o que faremos no campo profissional depende de uma prova. Algumas questões que traçam a sua história. Quer dizer, e se a pessoa estiver com problemas no dia ? E se não dormiu direito porque algum parente morreu ? E se o trânsito não permitiu chegar ao local a tempo... pois é, você perdeu. Não a vida, mais um ano. E olha que nos tempos de hoje, não parece, mais um ano é coisa pra caramba. Por falar nisso, outra coisa nada a ver mais outro distúrbio desses... E quando você morre ? Como diria o mestre Cazuza, o tempo não para. Você morre e ele continua. E a vida segue. Os carros continuam andando, as pessoas continuam comendo, os cachorros fazendo suas necessidades. Triste pensar sobre isso... Será que alguém sentirá sua falta ? Alguém que não seja parente, mas será que você foi de importância para uma pessoa a ponto de faze-la sentir sua falta ? Mistérios que a nossa vã filosofia desconhece. Enfim, mas quem falou em loucuras a parte mesmo ?