quinta-feira, 22 de abril de 2010

Dia de cão

Ela estava triste. E, porque estava triste, tudo ao seu redor adquiria o mesmo estado de espírito. As cores perdiam sua graça, as músicas tornavam-se lentas e sentimentais, as conversas perdiam totalmente o sentido. Engraçado era que, em oposição, os textos tornavam-se cada vez mais claros. Ela compreendia as palavras do poeta, do redator, da colunista; ela entendia as palavras de amor. Voltava os olhos para a televisão. Passava aquele velho filme rotulado: "mocinho e mocinha felizes para sempre"; ela não tinha mais tempo pra esses contos de fada (que, se me permite dizer, uma bela de uma crueldade; crianças realmente devem sonhar, elas pelo menos devem ainda ter esse direito; mas quando crescem, devem aprender que não é tão fácil assim). Desligou a tv; repousou sobre a cama, os olhos já secos, passada as lágrimas de dor; essas que representam o coração despedaçado dela, por dentro; e então ela adormeceu. E seu mundo ganhava agora palavras. Lembrava-se dos poemas até então não entendidos; ela abriu um sorriso e concluiu a tal dor de amor

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