sábado, 26 de dezembro de 2009

Morte e vida de um orfão

Nada é tão sofrível quanto a situação de um jovenzinho orfão em véspera de dia vinte e quatro de dezembro. Nada o remete tanto às lembranças da morte de seus pais, de como sofreu e sentiu a dor correr em suas veias. Nessa data fatídica em que se comemora o aniversário de um jesus cristo em que ele só não acredita porque em tais condições fora criado ou porque crê que, se ele tivesse sido realmente o salvador da eternidade, as coisas não estariam como estão para ele, por exemplo. Nada intriga mais um jovenzinho orfão do que a expressão "espírito natalino", sobre a qual ele vive matutando e a qual ele não consegue parar de questionar, meio porque acha engraçada. E lá ele fica. Solitário, vagando com frio e pés gelados, sem um cobertor, apenas olhando a ceia farta no vidral ao lado. E, como que quase uma preçe atendida, ele vê uma luz, uma luz quente, uma luz forte. Suas bochechas pálidas começam a corar. Lhe agradava, lhe dava felicidade... Rumo ao céu ele andou, ao céu de natal, ao céu que por tanto tempo lhe permanecia.

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