quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tinha Pressa

Nasceu prematura. Aos poucos meses já andava; começou a falar cedo, a mãe perguntava-se se a filha era um mutante. O médico, surpreendido, insistia em repetir: “Mas essa menina tem um q.i altíssimo!”. A mãe não ligava; não sabia quem era esse tal de “q.i”. Talvez uma nova coleção de havaianas, dessas que vem até com microship pra fazer pipoca. Aos sete anos praticava balé, vôlei, natação, tocava piano, flauta, fazia teatro, sapateado e tiro. Aos onze começou a estudar física quântica, e na adolescência já planejava o vestido de seu casamento. Casou-se aos 18, teve filho aos 19 e se separou aos 20. Ia levando a vida sem olhar para o hoje e sempre fazendo planos para o ano que vem. Sempre experimentando mais a fundo as idades que ainda lhe viriam, tentando praticar hidroginástica e comendo mingau dia sim dia não. Um dia estava na rua, esperando o sinal tomar seu colorido vermelho e dar autorização para atravessar. Aliás, taí uma coisa que odiava. Um verbo que não suportava. “Esperar”. Puta merda, tinha vontade de xingar todo mundo! Nada lhe dirigia mais ódio do que isso. Mas, voltando de seus devaneios, estava esperando o sinal. Abruptamente, a rua ficou deserta, mas com carros vindo em sua direção. Nesse seu “vou ou não vou” aconteceu o que ela nunca esperava. Um homem de cabelo violeta passara sua frente, assim, sem mais nem menos. Decerto tinha perdido seu senso. Ah! Isso não! Nunca em sua vida ela permitiria uma coisa dessas! Correu atrás dos homem, para poder passar-lhe a frente. Mas não conseguiu. Seus passos pequenos foram interrompidos por uma buzina e dois faróis que a engoliram. E sua maior preocupação, seu medo era achar que tinha sido vencida por aquele rapaz, aquele que teria sido mais rápido que ela, pela primeira vez em toda sua existência. Morreu com esse pavor.

2 chutes na canela:

Natã disse...

adoooooro

Mariii :) disse...

hahhahahha looouca.
minha mãe falou que o texto é maior doidera.

Postar um comentário